domingo, 5 de abril de 2009

O LENÇOL ZOOLÓGICO DE ATOS 10

“Durante Seu ministério terrestre Cristo deu início à obra de derribar o muro de separação entre judeus e gentios e apregoou a salvação a toda a humanidade.” – E.G.White, Atos dos Apóstolos, pág. 19.

Basta estudar a Palavra de Deus para se descobrir a singela verdade de que é repudiada a discriminação racial, pelo fato de que Jesus morreria até por uma única pessoa. Por conseguinte, não deve haver racismo entre os homens.
A Bíblia comprova que o pecado alcançou a todos, daí não haver uma raça de elite, separada, isenta de pecado. Da mesma maneira, foi por todos indiscriminadamente que o Salvador depôs Sua vida em uma ignominiosa cruz, cujo sangue imaculado pode justificar a mais degradada e pobre criatura da selva, como a mais bem preparada de qualquer Continente. Todos de igual maneira merecem a oportunidade de conhecer e viver o evangelho que restaura e salva; todos podem tornar-se cidadãos da família celestial. Nesta família não pode haver homens separados por quaisquer status. A intolerância do judeu contra o gentio é um deplorável procedimento, uma atitude anti-cristã.
No Templo de Jerusalém havia um limite para os gentios. Uma placa indicativa dizia:

“Nenhum estrangeiro pode passar além da balaustrada e da parede que cercam o lugar santo. Quem quer que seja apanhado violando este regulamento será responsável pela sua morte, que se seguirá.”

A visão de Pedro do lençol repleto de animais, puros e imundos, relatada em Atos 10, tem sido utilizada para provar a liberação divina para se comer as carnes que foram proibidas ao homem, deixando os que assim crêem de consciência tranqüila. Será entretanto que essa tranqüilidade continuará, ao descobrirmos agora exatamente o contrário?
A expressão divina – “Levanta-te, Pedro, mata e come” (Atos 10:13), isolada de seu contexto, tornou-se a mola mestra da engrenagem dos que se conformam com a superfície do versículo, mas a você, apelo outra vez: nunca se satisfaça com um texto isolado. Não é bom nem correto. É preciso estudá-lo junto ao contexto, e, necessariamente, comparando com outras escrituras.
Descubramos, portanto, como deve ser estudado este capítulo maravilhoso de Atos 10:

Verso 1
“E havia em Cesaréia um varão por nome Cornélio, centurião da corte chamada italiana.”
Cesaréia era um “porto marítimo de Saron, construído por Herodes, o grande, em 13 a.C. Residência dos procuradores romanos”. Por conseguinte, trata-se, possivelmente de um homem romano o bom Cornélio, pois além de um cargo militar altamente importante, servia em uma base radicalmente romana. Em última análise, uma coisa é líquida e certa, não esqueça, ele não era judeu, era um gentio. Você por acaso sabe o que um judeu pensava a respeito de um gentio por essa ocasião?

Verso 2
“Piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus.”
Que quadro lindo! Solenemente espetacular! Um proscrito para os judeus amava e servia ao Deus dos judeus, e este amor era à prova de crítica. Vestido com roupa de trabalho, pois diz a Bíblia que ele auxiliava, socorria com seus bens os menos favorecidos, e dentre os tais, quem sabe, muitos judeus. Era desprendida sua devoção, sincera, partia de um coração anelante por conhecer mais o Deus de Israel. E o mais maravilhoso é que Deus “atentou” para aquele que aos olhos dos judeus não merecia sequer conhecê-Lo.

Da leitura dos versos 3 a 8, concluímos que o amor de Deus envolveu Cornélio e o prestigiou com a comissão de um anjo que trazia do Céu, a aprovação para seu gesto caridoso e amante, orientando-o a ir em busca do apóstolo Pedro, dando-lhe para tanto as indicações, como: cidade, rua, casa e nº., etc.

Versos 9 e 10
“E no dia seguinte, indo eles em seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta (1/2 dia). E tendo fome, quis comer; e enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentido.”
Caro irmão, imploro agora sua esmerada atenção, para que você alcance a sabedoria do Deus que eu e você amamos. Toda vez que Ele queria ensinar alguma coisa ao homem, utilizava algo que lhe fosse peculiar. Como por exemplo: Ao lavrador, – a terra. Ao boiadeiro, – o gado. Ao Pastor, – a ovelha, ao pescador, – a rede etc. Como Deus desejava transmitir algo sublime e maravilhoso a Pedro, que melhor ilustração utilizaria senão aquilo que estivesse mais intimamente ligado à sua condição no momento, isto é: comida? (Pedro estava com fome).
O Senhor preparava Pedro para a grande mensagem. Assim, conforme dizem os versos 11 e 12, Deus mostrou-lhe em visão, o famoso lençol zoológico, e pateticamente declarou:

Verso 13
“... levanta-te Pedro, mata e come.”
Tal ordem suscitou imediatamente do obediente apóstolo a dramática, sincera e inolvidável declaração:

Verso 14
“...De modo nenhum, Senhor. Porque nunca comi... coisa imunda.”
Observe o irmão, a magnitude do acontecimento, que se repetiu por três vezes, voltando a se recolher ao Céu, conforme os versos 15 e 16.
Os versos 17 e 18 relatam que Pedro estava desconcertado com aquela visão, e, tentando chegar a uma conclusão razoável, pôr em ordem os seus desencontrados pensamentos, quando – pasme – batem à porta. Eram os homens que o bom Cornélio enviara, conforme instrução de Deus. Atenção agora para o verso seguinte:

Verso 19
“...Eis que três varões te buscam.”
Em meio ao aturdimento de Pedro, Deus avisa-o que “três varões” o procuravam e que ele, sem demora, deveria descer e se apresentar aos estrangeiros, pois fora Deus quem os enviara. Observe o prezado irmão as nuanças da visão, os detalhes divinos.
• A visão apareceu a Pedro três vezes.
• Também três varões apareceram-lhe, enviados por Cornélio, com a indicação do anjo do Senhor.
• Deus lhe deu a visão exatamente na hora em que Pedro estava com fome, para melhor aguçar a lição que desejava ensinar ao apóstolo. O apetite é um grande teste. Tudo é maravilhoso, não acha? No verso 22, os varões falaram a Pedro a respeito de Cornélio, da aprovação de Deus para com ele e do anjo que os enviou à sua procura.
Pedro então, imediatamente recebeu-os em casa, e no dia seguinte, tomando alguns irmãos de Jope, rumou para Cesaréia, a fim de realizar um grandioso trabalho missionário, conforme a leitura do verso 23. Um dia depois, chegam ao seu destino, e maravilhados contemplam um grupo de gentios, sedentos do evangelho, almejando a salvação bem como trilhar os caminhos de Deus, segundo se depreende da leitura dos versos 24-27.
Diante deste quadro, Pedro reprime as lágrimas, cumprimenta os gentios afetuosamente, e se prepara para lhes anunciar as boas novas da salvação.
Sinceridade, submissão e humildade são características daqueles que de fato almejam fazer a vontade de Deus e preparam-se para o Céu; sob essa bandeira que deve ser a minha e a sua atitude para com a Bíblia, ouçamos o apóstolo Pedro:

Verso 28
“E disse-lhes: vós bem sabeis que não é lícito a um varão judeu ajuntar-se ou achegar-se a estrangeiros: mas Deus mostrou-me que A NENHUM HOMEM CHAME COMUM OU IMUNDO.”
Os judeus achavam-se os únicos dignos da graça de Deus, e por isso consideravam todos os demais como imundos, na pura acepção da palavra. Entretanto o evangelho não é exclusivo de grupos privilegiados ou nação isolada (embora Israel já tenha tido este privilégio até a morte de Estêvão); e, como a mensagem do Evangelho Eterno deveria alcançar todas as pessoas, aprouve a Deus forjar um encontro entre o judeu e o gentio, isso por meio do apóstolo Pedro, que entre todos, parecia ser o mais apegado às tradições e ao exclusivismo nacional e espiritual.
Do verso 29 a 33, Cornélio, o gentio a quem Deus amava e queria que ouvisse do evangelho que vem dos judeus, relata a visão que tivera e como tomara a decisão de mandar buscar a Pedro, declarando:

Verso 33
“...Agora, pois, estamos todos diante de Deus para ouvir tudo quanto por Deus te é mandado.”

Diante de fatos tão sublimes, vendo a operação maravilhosa do Espírito Santo naqueles corações, observando como o Senhor estava demonstrando Seu amor por pessoas de outra raça, Pedro deixa cair por terra sua tradição e preconceito de que os gentios não eram dignos da salvação nem do favor de Deus, e, exclamando com toda veemência, quedado diante da Onipotência divina, diz:

Versos 34 e 35
“...Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; mas que Lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, O teme e obra o que é justo.”
Como é clara a verdade divina ensinada ao apóstolo Pedro! Deus ama a todos os homens, quer salvar a todos indistintamente. Morreu por todos: judeus e gentios. A cruz atrai todas as raças e une todos os povos.
Dos versos 36 a 48, é relatada a convicção de Pedro de que aqueles gentios foram aceitos por Deus, e assim não hesitou em pregar-lhes com poder as boas novas da salvação. E nesta oportunidade, para sedimentar Sua aprovação por aquele sincero grupo de crentes gentios, revelando publicamente Seu agrado, Deus enviou-lhes o Espírito Santo, causando espanto geral. Era a aprovação total. O amor de Deus alcança a todos, judeus e gentios, em todos os lugares, graças a Deus!

O episódio não termina aqui. Quando a igreja em Jerusalém soube do ocorrido, levantou-se contra Pedro, com a prerrogativa de haver-se misturado com gente tão repelente e imunda, os gentios. Intima-o a retratar-se. O apóstolo então, cheio do Espírito Santo, apresenta-se diante da Igreja-Mãe, e relata como Deus lhe mostrara,
através de uma visão de animais em um lençol, que todas as pessoas, de toda tribo, raça e língua, desde que O tema e guarde Seus mandamentos, são dignas do amor, da Graça e da salvação pelo sacrifício eterno de Jesus.

E muito mais! Deus não somente revelou Seu amor pelos gentios como os agraciou com o derramamento do Espírito Santo (Leia Atos 11:1-17).

Contra este argumento não houve reação, e portanto a posição da Igreja-Mãe não poderia ser diferente. Leiamos:

Atos 11:18
“E ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida.”
Como vê, irmão amado, é simples, puro e cristalino como água na folha de inhame. Não há aqui interpretação humana. Não há necessidade de torcer nada e muito menos adaptar-se a qualquer tipo de conveniência. É uma verdade clara que brota como luz da aurora no coração sincero. A Igreja de Jerusalém não mudou a Bíblia, mudou sim, sua posição em relação aos gentios pelo testemunho de Pedro, que por sua vez mudou sua opinião através do ensino de Deus por meio de um lençol de animais.
Hoje, lamentavelmente ocorre o contrário. Muitos preferem mudar a Bíblia, ou quando nada, tentam adaptá-la à sua opinião. Que não seja esta sua atitude, meu querido irmão.
Pois bem, fica determinado pela Bíblia, sem nenhuma dúvida, que Deus utilizou um lençol de animais puros e imundos para ensinar a Pedro, quando este estava com fome, que “nenhum homem é comum ou imundo” e “que Deus não faz acepção de pessoas”, pois todos de igual modo merecem a oportunidade de conhecer e viver o evangelho que restaura e salva. Todos podem tornar-se cidadãos da família celestial, mas..., se não acontecesse essa visão, jamais Cornélio e sua família ouviriam de Pedro esta mensagem que salva, dada sua posição contra os pobres gentios. Isto sim, mas nunca para autorizar a comer carnes imundas.
Irmão, a Igreja de Jerusalém foi humilde e sincera. Você também decidirá pela Verdade? Decisão envolve coragem! Você é um forte, pois Cristo lhe dá poder.
Deus estava levando Seu apóstolo a sentir “FOME” pela salvação de todas as pessoas, de todas as raças, em todos os lugares do Planeta Terra!
“Essa visão tanto serviu para repreender a Pedro como para instruí-lo. Revelou-lhe o propósito divino – de que pela morte de Cristo os gentios deviam tornar-se co-herdeiros dos judeus nas bênçãos da salvação. Até então nenhum dos discípulos pregara o evangelho aos gentios.
“Em seu pensamento, o muro de separação posto abaixo pela morte de Cristo ainda existia, e seus trabalhos limitavam-se aos judeus, pois tinham considerados os gentios excluídos das bênçãos do evangelho. O Senhor buscava então ensinar a Pedro a extensão universal do plano divino.” – Ellen G. White, Atos do Apóstolos, págs. 135-136.

PENSE NISSO:
A visão do lençol de Atos 10 foi uma prédica divina para mostrar a Pedro que todos são iguais e, simultaneamente, prepará-lo para o derramamento do Espírito Santo sobre Cornélio, semelhante ao Pentecostes (Atos 10:44-47). E isto foi a comprovação ipso facto, de que Deus não faz acepção de pessoa, mesmo. Agora ouça Paulo, escrevendo aos Romanos 10:12-13:
“Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que O invocam. Porque todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.”

CURIOSIDADE
Atos 11:12 – Disse Pedro:
“...e também estes SEIS irmãos foram comigo, e entramos em casa daquele varão (Cornélio).”
Na lei egípcia que os judeus conheciam bem, eram preciso SETE testemunhas para provar completamente um caso judicial ou qualquer outro.
Na lei romana também, e eram necessários SETE selos para autenticar um documento que fosse realmente importante como um testemunho.
Portanto, havia SETE testemunhas deste fato. Pedro + 6 = 7.

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