Introdução
Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas. Mt 6:14 e 15
Nossa cultura está inundada de: rancor, ressentimento, amargura e corações
despedaçados. Estes mesmos problemas, se deixados sem solução, afetam o
corpo de Cristo, destroem amizades, embotam o gume cortante do Espírito Santo
na vida das pessoas, e provocam divisões desde as famílias até a Igreja.
I - Precisamos do Perdão.
O perdão é o óleo dos relacionamentos: reduz o atrito e faz com que as
pessoas se aproximem. Se não se acredita que a outra pessoa seja perdoadora,
nunca se mostrará franco e vulnerável a ela. Uma pessoa rancorosa é incapaz de
desenvolver relacionamentos profundos, duradouros.
Cada pessoa tem um comportamento diferente diante de um conflito.
Vê em cada situação que exige perdão, uma oportunidade de fortalecer a
amizade e desenvolver o próprio caráter;
Olha para as necessidades daqueles que magoou e procura compreendêlos;
Entende que Deus vai lidar de maneira justa com o ofensor e se houver
necessidade de castigo, a vingança e retribuição não são responsabilidade
própria;
A opção é agradecer a Deus pela experiência e deixar que, como
resultado, Seu amor e graça cresçam em si.
Vamos enfrentar o fato de que a Bíblia não mede as palavras quando trata do
perdão. Temos ordem de perdoar. Em Marcos 11:25 Jesus nos diz que quando
orarmos devemos perdoar, se temos algo contra alguém. Logo depois da oração
do Pai Nosso em Mateus 6:14, diz: “Se perdoardes aos homens suas ofensas,
também vosso Pai celeste vos perdoará; se porém não perdoardes aos homens, as
suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.”
À primeira vista, parece que o perdão de nossos pecados está baseado no
perdão que damos aos outros, e não na graça de Deus em Cristo. Entretanto, seria
uma contradição aos outros ensinamentos de Jesus. Creio que nesta mensagem,
Jesus está dizendo que se recusarmos perdoar a pessoa que nos ofendeu, Deus
assim saberá que a confissão de nossos pecados não será sincera, pois na
realidade não recebemos o perdão que, graciosamente, está à nossa
disposição.
"Quando chegamos a pedir misericórdia e bênçãos de Deus, devemos fazê-lo tendo no coração um espírito de amor e perdão. Como poderemos orar: "Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores" (Mat. 6:12), e não obstante alimentar um espírito de irreconciliação? Se esperamos que nossas orações sejam atendidas, devemos perdoar aos outros do mesmo modo e na mesma medida em que esperamos ser perdoados." Caminho a CRISTO pág. 97
Nosso padrão de perdão deve ser o de Cristo – Absoluto e imediato.
Entretanto, muitos de nós nem sonharia em perdoar algumas das pessoas que Ele
perdoou. (A mulher pecadora, Judas, aqueles que O crucificaram, o paralítico etc.)
II - O que o perdão não é:
Não é só pedir desculpa. Fazendo assim você está admitindo o problema
mas não sua responsabilidade.
Não é condicional e não pode ser conquistado. Não se pode exigir
mudanças na pessoa.
Não é um sentimento. O perdão é um ato de vontade.
Não é arquivar erros. Você não pode anotar mentalmente cada vez que
concede perdão e se considerar perdoador. I Cor. 13:5 diz: “o amor não
procura seus interesses.”
Não é fingir que não houve nada errado.
Não é indiferença. Conflitos precisam ser solucionados e não ignorados.
Nã0 é justificar o mal.
Não é só dizer: Vamos esquecer tudo isto. Esquecer não resulta em
perdoar, mas na verdade o perdão resulta em esquecimento.
Não é tolerância. Simplesmente tolerar um problema não o resolve.
III - O que é o perdão
1 – Perdão significa apagar, suprimir o que é devido, abandonar o ressentimento,
reabilitar a pessoa, desobrigar de um débito, cancelar o castigo; aceitar
pessoalmente o preço da reconciliação, retirar as queixas contra quem magoou e
esquecer as conseqüências emocionais daquela mágoa. Não significa apenas dizer
“Eu lhe perdôo”, mas esquecer as conseqüências emocionais da mágoa, fazer com
que não haja mais ressentimento, não importa o quanto apreciemos abrigar
sentimentos de rancor.
Perdoar é um verbo de ação, não admite que se fique sentado, esperando o
outro se arrepender. Como Jesus morreu por nós enquanto éramos pecadores,
perdão significa que devemos dar o primeiro passo para restaurar um
relacionamento.
"Diz o apóstolo: "Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis." Tia. 5:16. Confessai vossos pecados a Deus, que é o único que os pode perdoar, e vossas faltas uns aos outros. Se ofendestes a vosso amigo ou vizinho, deveis reconhecer vossa culpa, e é seu dever perdoar-vos plenamente. Deveis buscar então o perdão de Deus, porque o irmão a quem feristes é propriedade de Deus e, ofendendo-o, pecastes contra seu Criador e Redentor. O caso será levado perante o único Mediador verdadeiro, nosso grande Sumo Sacerdote, que "como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado", e que Se compadece "das nossas fraquezas" (Heb. 4:15), sendo apto para purificar-nos de toda mancha de iniqüidade." Caminho a CRISTO pág. 37
2 – Perdão também significa desistir ou dar de mão. Se alguém violenta seus
direitos, o perdão é desistir do direito de reagir e do direito de pagar com a mesma
moeda, não importa o quanto sinta que a vingança é justificada. Perdoar é mostrar
misericórdia, não exigir justiça – atitude que vai contra tudo que nossa sociedade
ensina.
O mundo nos diz que devemos odiar, e Deus nos diz que devemos amar. O
mundo diz que devemos nos vingar, mas Deus nos diz que devemos perdoar.
"Quando Davi pecou, Deus lhe propôs escolher sofrer a punição de Sua mão ou da mão do homem. O arrependido rei escolheu cair nas mãos de Deus. A terna misericórdia do ímpio é crueldade. O homem falho, pecador, que só pode manter-se no caminho reto pelo poder de Deus, é não obstante duro de coração, incapaz de perdoar o irmão que erra. Meus irmãos em Battle Creek, que conta prestareis ante o tribunal de Deus? Grande luz tem chegado a vós, em reprovações, advertências e apelos. Como tendes espezinhado os raios de luz que o Céu vos envia! " Conselho Sobre Educação pág. 87
O perdão de Deus para nós não se fundamenta em algo que tenhamos feito,
mas em quem Jesus Cristo é, e no que fez na cruz em nosso favor. É este, pois,
nosso modelo para perdoar os outros.
O que é realmente revolucionário quanto ao perdão de Deus e ao que o
nosso deve ser, relaciona-se à extensão do seu perdão. O perdão de Deus é
completo. Salmos 103:12 salienta isto: “Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim
afasta de nós as nossas transgressões”.
Miquéias 7:19 – Ele lança as nossas culpas nas profundezas do mar.
A solução dos conflitos interpessoais se inicia com a solução de nosso
conflito com Deus. Os cristãos precisam perdoar-se e se não tomarem esta atitude
estarão desonrando o nome de Deus. Muitos relacionamentos não são restaurados
atualmente porque os crentes não querem perdoar-se. Se você não pode perdoasse,
haverá um conflito contínuo no relacionamento. A morte de Cristo na Cruz
abrange o perdão que precisamos conceder-nos. Nosso olhar deve estar colocado
inteiramente em seus atos e não nos nossos.
" A compaixão que Deus manifesta para conosco, Ele nos ordena que manifestemos para com os outros. Que os que são impulsivos, pretensiosos e vingativos contemplem Aquele que, meigo e humilde, foi levado como um cordeiro ao matadouro, e não retribuiu o mal, semelhantemente à ovelha silenciosa diante dos que a tosquiam. Olhem para Aquele a quem nossos pecados feriram e nossas tristezas sobrecarregaram, e aprenderão a suportar, relevar e perdoar. " Educação pág. 257
Se Deus perdoou todo o nosso pecado, qual deve ser nossa atitude em
relação ao nosso pecado e ao dos outros?
O fundamento para todo perdão, quer seja perdoarmo-nos ou perdoar outra
pessoa, é a morte de Jesus na Cruz. Alguém que recuse perdoar a outrem, na
realidade está interceptando o perdão de Deus. Conforme a oração do Pai
Nosso, somos perdoados na mesma extensão em que perdoamos aos outros.
Quando me recuso a perdoar, estou queimando uma ponte que, um dia,
precisarei atravessar. Não importa quem você é, com mais freqüência do que pode
imaginar, vai precisar do perdão de alguém.
IV - Porque não perdoamos?
Insegurança – Se nos sentimos inseguros em relação a nós ou ao nosso
relacionamento com Deus, vamos nos mostrar agressivos em cada
situação.
Guarda de ressentimento. Efésios 4:30-32 ensina a não abrigar nenhuma
raiz de amargura.
Ciúme – não querer perdoar a alguém que tenha algo que achamos que
deva ser nosso.
Medo – porque o ato de perdoar nos torna vulnerável,
Autopiedade – isso não, já fui mais ofendido que qualquer outra pessoa.
Romanos 8:28.
Transferência da culpa – estava com a razão e tinha o direito de fazer o
que fiz.
Orgulho – não preciso dessa amizade.
"O amor-próprio, o orgulho e a presunção são a base das maiores lutas e desinteligências que têm aparecido no mundo religioso. Uma vez após outra, o anjo me disse, "Uni-vos, uni-vos, sede de um mesmo pensamento e do mesmo parecer." Cristo é o dirigente, e vós sois irmãos; segui-O." Carta 4, 1890. Evangelismo pág. 102
Desejo de não esquecer. Posso perdoar, mas não posso esquecer, é outro
modo de dizer: Não posso perdoar!
Falta de merecimento – achamos que a outra pessoa não merece perdão.
O que você fez para receber o perdão de Cristo?
Ofensor contumaz. Já lhe perdoei cinco vezes. Deus nos aceita e perdoa
sem reservas (70 x 7). Jesus não está interessado em números mas numa
atitude perdoadora e disposição ilimitada de restaurar .
Vingança – nossa vontade é que a pessoa fracasse num projeto,
queremos causar-lhe um sofrimento igual ou pior do que nos causou.
Romano 12:17 “Não torneis a ninguém mal por mal; esforçaivos por fazer o
bem perante todos os homens.” Hebreus 10:30 “Minha é a vingança, diz o
Senhor, e eu retribuirei.”
Falta de Energia – depois de uma ofensa sentimos que não estamos
emocionalmente fortes para dizer com sinceridade – EU O PERDOO.
a) A quem devemos perdoar?
Primeiro a nós mesmos e depois a todos...
b) Quando perdoar?
Efésios 4:26 – não se ponha o sol sobre a vossa ira.
V - Fontes do perdão
Jesus Cristo é sua provisão de perdão. Isaías 1:18 – seremos brancos
como a lã (perdão completo).
O Espírito Santo nós dá poder para perdoar. Não conseguimos perdoar a
nós mesmos. Quanto mais andarmos na plenitude do Espírito Santo, mais
cresceremos no ato de perdoar.
Conclusão
Há três aspectos aos quais devemos nos ater para entender o perdão e colocá-lo
em prática em nossa vida diária.
Reconhecer a profundidade do perdão de Cristo. Ele realizou um sacrifício
por todos os pecados, para sempre.
Não podemos fazer nada para receber o perdão. Se olharmos para Cristo
como fundamento de nosso perdão, logo notaremos que não o
merecemos.
Nossa necessidade de perdão. Ao ver minha necessidade de perdão,
coloco em perspectiva a necessidade de perdoar aos outros.
Dar e receber perdão é uma força poderosa que temos à nossa disposição para
solucionar os conflitos que temos atualmente; é o que o mundo mais necessita. Um
dos testemunhos mais poderosos que podemos dar, é mostrar ao mundo a pessoa
de Cristo através de nossa atitude perdoadora.
"Ao meditar nestas coisas, senti mais e mais profundamente o pecado da negligência de manter a alma no amor de Deus. O Senhor não faz coisa alguma sem nossa cooperação. Quando Cristo orou: Pai, guarda-os em Teu nome, não queria Ele dizer que devêssemos negligenciar de conservar-nos na fé e no amor de Deus. Vivos para Deus, mediante viva união com Cristo, confiamos nas promessas, ganhando constantemente mais força na contemplação de Jesus. Que é que poderá mudar o coração ou abalar a confiança daquele que, contemplando o Salvador, é transformado em Sua semelhança? Deveria essa pessoa estar à espreita de desatenções? Deveria sua imaginação centrar-se em si mesma? Deveria permitir que bagatelas lhe destruíssem a paz de espírito? Aquele em cujo coração Cristo habita dispõe-se a estar contente. Não pensa mal, e está satisfeito com a certeza de que Jesus conhece e avalia em seu justo valor toda alma pela qual Ele morreu. Diz Deus: "Farei que um homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir." Isa. 13:12. Satisfaça isto aos anseios da alma, e faça-nos cuidadosos e precavidos, muito dispostos a perdoar aos outros, porque Deus nos perdoou a nós. " Mensagens Escolhidas Vol. II pág. 236
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